Oliveira Júnior disse que o encontro, que este ano teve como tema
central "Águas, Soberania Brasileira, Desenvolvimento Turístico e o Papel da
Imprensa no Século XXI", apresentou temas palpitantes seguidos de calorosos debates,
já que os conferencistas representavam toda gama de ideologia e pensamento.
Discriminação governamental
- Walter Estevan Junior,
presidente da Associação Brasileira de Revistas e Jornais (ABRARJ), defendeu maior
participação da imprensa interiorana no bolo publicitário nacional, ressaltando que a
grande imprensa, por si mesma, não é suficiente para atingir a todos os segmentos
sociais, mas isto não é percebido pelo governo e sofre vista grossa das agências
publicitárias de grande porte, cujos interesses são alheios aos das comunidades
regionais.
Correspondentes estrangeiros - A mexicana
Verônica Goyzueta,
presidente da Associação dos Correspondentes Estrangeiros de São Paulo, correspondente
do jornal Tiempos Del Mundo (EUA) e do jornal espanhol ABC,
revelou que há hoje no Brasil 231 correspondentes estrangeiros, quase todos baseados no
Rio de Janeiro e em São Paulo, e poucos em Brasília, o que decorre de uma visão
estereotipada ainda existente no exterior sobre os assuntos brasileiros que merecem
destaque internacional, visão esta que os correspondentes esperam corrigir com a
produção de "fatos novos" decorrentes da eleição de Lula.
Imprensa Evangélica - O jornalista Natal Furucho, diretor da
Folha Universal e revista Ester da Universal Produções,
publicações ligadas a Rede Record de Televisão, e controlada pelo Sistema
IURD de Comunicação da Igreja Universal do Reino de Deus, discorreu sobre o crescimento
da mídia evangélica no Brasil, a partir de 1970, revelando que, graças a esse
fenômeno, hoje há 124 mil templos evangélicos, 50 milhões de fiéis, dos quais cinco
milhões pertencentes à Igreja Universal do Reino de Deus, que controla 40 órgãos de
comunicação, sendo que a "Folha Universal", semanário, tem tiragem de 1,5
milhão de exemplares, distribuídos a 5.600 municípios. Já a revista Ester, que
concorre no segmento das revistas femininas como Cláudia e Marie
Claire, conta com uma tiragem média de 180 mil exemplares.
Manipulação da informação - Heitor Reis, engenheiro e
articulista da ABN Agência Brasileira de Notícias criticou a plutocracia,
domínio dos donos do capital, que, a seu ver, reina no mundo e manipula a informação,
em detrimento da verdadeira democracia, esta compreendida na liberdade de expressão,
livre acesso à informação e circulação de idéias e distribuição igualitária de
oportunidades a todos os povos da terra.
Valores éticos - Nelson Barretto, da Agência Boa
Imprensa, denunciou a distorção dos valores éticos e morais da sociedade,
patrocinada pelas emissoras de televisão, produções cinematográficas e reclames
publicitários com graves reflexos na formação da criança brasileira e na estabilidade
das instituições, entre as quais a família, a seu ver a principal vítima da
permissividade das mídias de entretenimento e de consumo.
Barreto não defendeu a censura prévia, mas entende que há
necessidade de criação de mecanismos por parte da sociedade para coibir os abusos nas
programações das emissoras e de outras mídias.
Marketing na imprensa - O escritor e conferencista
César
Romão discorreu sobre o papel do marketing na imprensa brasileira, ressaltando a
importância do efeito sinérgico da ação da mídia em sintonia com as aspirações da
sociedade. Apresentou exemplos de medidas práticas para que se incrementem o turismo
nacional.
Memória da Imprensa - Jourdan Amora, diretor-presidente da Tribuna
de Niterói e do Jornal de Icaraí, e Diretor do
Centro de Pesquisa
e Preservação da Memória da Imprensa Brasileira (Museu da Imprensa)
defendeu a
preservação da memória da imprensa brasileira e a valorização da imprensa regional e
alternativa.
Questões legais - O advogado e articulista
Sérgio Redó, do
Jornal de Bairros Associados, de São Paulo, destacou as principais
exigências do novo Código Civil para a constituição de empresas jornalísticas.
Jornalismo científico - O jornalista Orlando Rodrigues
Ferreira, presidente da Associação Campineira de Imprensa e articulista especializado em
jornalismo científico, lamentou a forma fútil com que os grandes órgãos de imprensa,
principalmente as emissoras de televisão, abordam problemas científicos em seu
noticiário, procurando omitir a realidade de certos fatos para a obtenção de
audiência.
Cobertura política - O jornalista Lima Rodrigues, da Rádio
Nacional e Agência Brasil Radiobrás, discorreu sobre a sua
experiência na cobertura política em Brasília, salientando o dilema vivido pelos
jornalistas, espremidos entre o dever de informar a sociedade e as pressões sofridas em
decorrência da proximidade com os poderosos do processo de decisão política.
Colunismo Social - Fernando Soares, colunista do Diário
do Povo de Campo Grande e presidente da Associação da Imprensa do Mato Grosso do
Sul, e Vera Martins, editora do Correio Paulista, presidente de honra da
Federação Brasileira dos Colunistas Sociais e Assessora de Imprensa da Secretaria de
Turismo do Estado de São Paulo, denunciaram a proliferação de colunistas sociais sem
qualificação profissional, observando que até donas de butiques, cabeleireiros, modistas
e outros profissionais, de ramos completamente alheios à comunicação social, ocupam
espaços estratégicos da mídia. Destacando que as redações é que formam, produzem e
aprimoram bons jornalistas, os dois profissionais não cobram a necessidade do diploma
superior de jornalista mas recomendaram cursos superiores nas áreas de Letras, História
ou Filosofia.
Questões éticas e reforma política
- O senador
Juvêncio
da Fonseca (PMDB-MS), presidente da Comissão de Ética do Senado Federal
ao discorrer
sobre o tema "A Ética na Política e no Parlamento Brasileiro", disse que a
grande necessidade ética do Brasil é a democratização ao acesso dos brasileiros à
riqueza - a distribuição de renda e que o grande desafio do Congresso é legitimar os
princípios da ética na política defendidos pelo PT e que levaram à eleição do
presidente Lula.
Segundo Juvêncio da Fonseca, o apoio da imprensa é imprescindível
para que se consiga a reformulação da conduta do país, mas nem sempre esse apoio é
dado aos congressistas, pois jornalistas tentam pautar o Congresso, que, por sua vez,
procura impor os princípios éticos constantes da bandeira do novo governo.
O senador admitiu, durante debate com os jornalistas, que há
contradições gritantes no atual Governo em relação ao aspecto ético, quando, por
exemplo, um banqueiro (Henrique Meirelles) é colocado à frente do Banco Central; quando
o País continua a política do governo anterior de criar superávites primários para
atender o FMI; quando ainda o Brasil paga 110 bilhões de dólares por ano de serviço da
dívida, e quando o presidente do PT, José Genoino, prega a quebra de direitos adquiridos
dos servidores públicos na reforma previdenciária.
Água, saúde e turismo - O médico e sanitarista
Márcio Bomtempo destacou os benefícios terapêuticas da utilização adequada de águas
minerais no tratamento de doenças e enfermidades.
Água e Soberania - Feichas Martins, jornalista e cientista
político, articulista e colunista da Agência Brasileira de Notícias
(ABN)
defendeu o planejamento político-estratégico para gerenciamento dos recursos hídricos
no Brasil, um país que dispõe de 17% do total de água doce do planeta, salientando a
importância da água como bem natural escasso e vital, bem como o crescimento da demanda
do precioso líquido para agricultura, utilização industrial e consumo humano.
Martins procurou mostrar que a água doce representa apenas 3% do
total de água existente no planeta e que a sua escassez torna-se motivo potencial de
conflitos entre os países para a conquista dos mananciais desse bem cada vez mais
estratégico.
O cientista político afirmou que no Brasil 80% dos mananciais
estão localizados na região norte, onde há pequena população, e os 20% restantes nas
regiões mais populosas, o que configura o dilema de termos muita água, onde há pouca
gente e muita gente, onde há pouca água.
Martins procurou mostrar que a água doce representa apenas 3% do
total de água existente no planeta e que a sua escassez torna-se motivo potencial de
conflitos entre os países para a conquista dos mananciais desse bem cada vez mais
estratégico.
CARTA DE SÃO LOURENÇO
Os participantes do 6º Ciclo de Conferências da Imprensa
Brasileira, por ocasião do 12º ENAI - Encontro Nacional de Associações de Imprensa,
promovido pela Fenai/Faibra - Federação Nacional da Imprensa / Federação das
Associações de Imprensa do Brasil, expuseram e debateram, no período de 28 a 31 de
março, em São Lourenço (MG), os problemas da atualidade e a contribuição da mídia
para a solução dos mesmos, destacando sua preocupação especial com a atuação dos
órgãos de comunicação das capitais e do interior diante das situações política,
econômica, social e ambiental internas, impactadas pela persistência do conflito no
Golfo Pérsico entre a coalizão liderada pelos Estados Unidos e o Iraque, com potenciais
ingredientes de uma Terceira Guerra Mundial.
A força das palavras, faladas ou escritas, e das imagens formam e
informam multidões em todos os países, nessa civilização global, gerando respostas
imediatas ou tardias, mas nunca a indiferença dos povos sobre a realidade interna e
externa que os cerca. É assim que cada jornalista, repórter, colunista, fotógrafo,
cinegrafista, redator, aluno ou professor, seja qual for a qualificação, a especialidade
ou a função comunicadora, no mais longínquo país do planeta, constrói e destrói
impérios, gera mitos, forma, aprimora ou deforma cidadãos.
Considerando-se que água é um bem escasso e vital para a
Humanidade e que constitui fator de poder econômico para todas as nações, o
gerenciamento dos recursos hídricos do Brasil, que detém 17% do total de água doce do
Planeta - apenas 3% de todas as águas - requer um planejamento político-estratégico, com
a mobilização do Estado e Iniciativa Privada.
A Soberania do Brasil não pode ser relativa, tem que ser
considerada como Objetivo Nacional Permanente, em razão de que todos os bens materiais e
imateriais, que constituem o Patrimônio Nacional, são inalienáveis, cabendo
somente a todos os
brasileiros a responsabilidade de responder, com todas as armas disponíveis, a qualquer
tentativa de agressão interna ou externa contra a sua integridade.
A imprensa tem a responsabilidade de conscientizar todos os
brasileiros sobre a necessidade básica de defesa das riquezas nacionais contra
potenciais ameaças internacionais, e ao mesmo tempo exercer vigilância e denunciar todas
as afrontas e investidas contra o país soberano.
O dever dos meios de comunicação, impressos
e eletrônicos, é propugnar pelo desenvolvimento integral da
sociedade, pela defesa das liberdades individuais e coletivas, pela
democracia , paz social, integridade do patrimônio nacional e
soberania brasileira.
Cumpre à Imprensa, de modo específico,
preservar os valores éticos e morais que permeiam a cultura e a
civilização nacionais, consolidados por meio das nossas instituições
e consentâneos com o Cristianismo, Conservadorismo e o
Liberalismo.
A crença nesses valores e a sua difusão permitem impulsionar o
progresso ordenado do Brasil, a nossa inserção competitiva no mercado internacional e a
consolidação da posição destacada do Brasil no concerto das nações defensoras da
cooperação e do esforço coletivo para a construção de um mundo melhor.
A Imprensa no mundo inteiro deve manter-se vigilante e denunciar
todas as formas de violência e tentativas de intimidação perpetradas pelos inimigos das
sociedades livres, sob pena de pagar, como vem pagando em muitos países, conforme
relatórios da Sociedade Interamericana de Imprensa, o elevado preço da omissão, que
permite o recrudescimento da censura e dos atentados à vida dos jornalistas e
proprietários de jornais.
Nesta bela São Lourenço, inspirados pela visão de um dos mais
belo parque municipal do Brasil, os participantes do 6º Ciclo de Conferências da
Imprensa Brasileira, por ocasião do 12º Encontro Nacional de Associações de Imprensa
(ENAI), delegados de Associações de Imprensa e representantes de
entidades representativas da sociedade, após intensos debates sobre
temas da atualidade das mídias brasileira e estrangeira, conclamam
todos os formadores de opinião do Brasil a combaterem os males que
assolam a sociedade moderna, entre os quais todas as formas de
corrupção e violência contra o Homem e os Animais.